O filme "Rambo 3"
faz parte de uma série ou, devido ao sucesso obtido, podemos falar até de uma
saga do personagem fictício, o norte-americano John Rambo. Nos dois primeiros
filmes, além das muitas cenas de ação e munições desperdiçadas, é visível algum
tipo de crítica intrínseca à condição dos EUA na Guerra do Vietnã. Em "Rambo 1",
critica-se o tratamento dado aos veteranos do combate quando retornam para
casa. Enquanto em "Rambo 2", apesar de toda a vilania ser colocada nos
personagens soviéticos (que, de acordo com esse filme, estariam presentes
fisicamente na Indochina), a critica coloca-se na posição dos EUA em relação
aos seus soldados tornados prisioneiros no Vietnã, o que, na falta de uma
melhor ação ou negociação do governo norte-americano, leva Rambo à resgatá-los.
Feito o comentário sobre os filmes anteriores, podemos dizer que "Rambo 3" não
traz crítica alguma aos EUA, tratando-se exatamente de uma peça de propaganda
norte-americana e anti-soviética sobre a Guerra Fria. A partir da análise do
contexto histórico, fica fácil de perceber isso, tendo sido o filme lançado em
1988; muito próximo, portanto, ao colapso do sistema socialista soviético. Na
época, era interessante apresentar para o mundo a posição da URSS na guerra com
o Afeganistão. Logo, que maneira melhor de expor isso do que colocando o
personagem de Rambo como o vitorioso do conflito?!
John Rambo, a arma de destruição em massa, ajudando os afegãos.
Tomando o filme por verdade, entenderíamos que foi
John Rambo, com seu poderio comparado ao de uma arma de destruição em massa,
que levou a URSS ao colapso e não a concorrência com o capitalismo e os
próprios erros da política soviética. Assim, é interessante falar de Rambo 3 como um apontamento ao
equivalente soviético da Guerra do Vietnã, ou seja, a Guerra do Afeganistão
(1979-1989), que foi vencida não apenas por um homem, mas sim pelos mujahideen[1] afegãos,
os quais contaram com o apoio técnico-militar dos norte-americanos, que
investiram cerca de 1 bilhão de dólares em armas financiando o conflito (investimento
que foi equiparado pelos sauditas, parceiros dos norte-americanos, que também
temiam uma vitória soviética na região). Foi com esse apoio financeiro que os
afegãos conseguiram vencer os soviéticos e, dessa maneira, aplicar um duro golpe
na estratégia soviética para a Guerra Fria. Não podemos deixar de falar que
caberia muito bem no filme que um dos personagens da milícia afegã, que luta ao
lado de Rambo, fosse chamado de Osama Bin Laden, um dos líderes militares que
expulsou os soviéticos com a ajuda dos armamentos fornecidos pelos EUA e,
posteriormente, voltou-se contra os próprios norte-americanos. Se em 1988 (ano de produção do filme) o indestrutível soldado do Tio Sam ia até
o Afeganistão para salvar o sofrido povo daquele país da tirania dos
sanguinários soviéticos, o mesmo Rambo, pós 11 de setembro, estaria lá jogando bombas e mísseis
sobre aquelas pessoas, exatamente como faziam os vilões comunistas. Assim, sobrou para Bin Laden e os afegãos, defender-se utilizando o antigo material bélico dos EUA, nesse conflito, que se estende desde 2001 com a invasão dos norte-americanos ao outrora aliado Afeganistão.
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