terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Na Última Hora

Às vésperas do vestibular, o que o aluno costuma perguntar sobre a prova de História é: qual o conteúdo que mais cai? Que período da História eu devo estudar? Tem alguma dica especial para a prova? Todas essas são perguntas válidas, mas tentar prever 25 questões da UFRGS é uma obra impossível para qualquer “Mãe Diná” ou “Oráculo”. Então, o jeito é fazer o aluno confiar no seu empenho e no seu estudo durante o ano e direcioná-lo para aquelas situações básicas da prova: a obediência de uma ordem cronológica; o equilíbrio entre as questões de História Geral e do Brasil (contendo, sempre, alguma questão particular de Rio Grande do Sul); a recorrência da interdisciplinaridade (nos últimos vestibulares, com questões vinculadas à Literatura ou à Geografia); o gosto da UFRGS por aniversários de eventos históricos, sendo, nesse ano, válido lembrar - no caso de História do Brasil - os plebiscitos de 1963 e 1993 que consultaram a população brasileira sobre qual regime político o país adotaria. Em 1963, durante a presidência de João Goulart, o plebiscito era sobre se regressaríamos ao presidencialismo (proposta vencedora) ou se manteríamos o parlamentarismo e, em 1993, na presidência de Itamar Franco, a decisão era entre democracia ou monarquia (pasmem!), e com a óbvia vitória da democracia, houve a posterior escolha do presidencialismo vitorioso em relação ao parlamentarismo.
Ainda sobre os aniversários, no caso de História Geral, há a possibilidade de que os 10 anos da 2ª invasão norte-americana ao Iraque sejam tratados, a justificativa dos EUA para o ataque de 2003 (não aprovado pela ONU) seria a existência de armas de destruição em massa e associações dos iraquianos com o terrorismo internacional. Outra análise de provas recentes indica que as últimas questões têm se vinculado às atualidades, ou seja, a grande pedida seria focar na atual Crise Econômica Europeia (2011-12), que afeta, sobretudo, os países considerados elos fracos da União Europeia, como Grécia, Portugal, Espanha e Irlanda, estando esses países sofrendo com grande recessão financeira e altos índices de desemprego, buscando saídas através da União Europeia, a qual condiciona seu apoio (resgate econômico) vinculando-o a acordos político-econômicos regidos por Alemanha e, em menor medida, à França.    
Apesar do professor aqui não ter se furtado de dar essas pequenas dicas, quero voltar para o que foi comentado no inicio do texto: o fato de que o aluno deve confiar em última instância no seu estudo e não apenas nas probabilidades do que vai ou não vai cair na tua prova. Quem está buscando a aprovação no vestibular, obviamente, vai procurar por caminhos facilitadores, mas a prova de História, pelo seu conjunto de conteúdos extensos (por vezes detalhistas), dificulta esse atalho. Logo, na hora da verdade, quando só sobrou tu e a prova naquele duelo de Titãs, o que vale é o conhecimento que tu adquiriu com teu estudo ao longo do ano anterior. O quanto tu leu, a tua paciência com o professor de História pé no saco, quantas questões de vestibulares de anos anteriores da UFRGS e de outras universidades tu resolveu... Resumindo: o teu desempenho vai depender de ti e não apenas das dicas de última hora que tu conseguiste colher.  ACREDITA NO TEU ESTUDO E BOA PROVA!!!

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Questão 25: Diagnóstico recente da UFRGS

Na reta final para o vestibular, seria interessante dar uma olhada na última questão à “25”, dos quatro últimos vestibulares da UFRGS. É possível notar alguns padrões: o principal tratar de ATUALIDADES.

UFRGS 2009 - O Oriente Médio despontou na ordem mundial pós-Guerra Fria como uma das regiões que mais suscitam atenção do mundo ocidental.
Sobre essa região, é correto afirmar que

(A)   Israel viu sua relação com os países árabes se tornar conturbada  somente após a extinção da União Soviética.
(B)   O Irã deve sua atual configuração política à revolução de 1979, liderada por aitolá Khomeini.
(C)   O Iraque sob o governo de Saddam Hussein, contribuíu para pacificação da região, ao propor alianças com Irã e o Kwait.
(D)   A Turquia defende a criação de um Estado curdo como meio de atender às aspirações nacionais de uma população dispersa entre varios países.
(E)    A Arábia Saudita se impôs ao longo da década de 1990, como um dos principais adversários dos Estados Unidos na região.

UFRGS 2010 - Considere as seguintes afirmações sobre a crise financeira mundial de 2008.
I - Iniciou em 2007 nos Estados Unidos devido a desregulamentação e à especulação financeira em seu mercado de hipotecas imobiliárias.
II - Alcançou abragência mundial, tendo efeito em países emergentes devido à retração do mercado internacional.
III - Determinou o intervencionismo estatal no campo financeiro, o que permitiu a rápida recuperação de alguns países.

Quais estão corretas?

(A)   Apenas I.
(B)   Apenas II.
(C)   Apenas I e III.
(D)   Apenas II e III.
(E)    I, II e III.

UFRGS 2011 - A sigla BRIC é uma acrônimo que se refere ao Brasil, à Rússia, à Índia e à China, países que se destacaram no cenário mundial pelo crescimento de suas economias.

A respeito desses países, é correto afirmar que

(A) o PIB da China, atualmente é o segundo do mundo, tendo superado o Japão recentemente.
(B) os quatro países, em conjunto, possuem 25% da população mundial.
(C) Brasil e China são membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
(D) à Índia terá a menor média de crescimento econômico entre os países que compõem o BRIC, devido a sua grande população.
(E) o Brasil será uma das grandes potências militares, dado seu engajamento na corrida armamentista.
  
UFRGS 2012 – Assinale a alternativa que apresenta os países cujos governos foram destituídos ao longo do ano de 2011, na denominada Primavera Árabe.

(A)  Moçambique – Egito – Mauritânia.
(B)   Argélia – Marrocos – Sudão.
(C)  Líbia – Congo – Angola.
(D)  Tunísia – Líbia – Egito.
(E)   África do Sul – Tunísia – Etiópia.

GABARITO:
2009 – B. 
2010 – E.
2011 – A.
2012 – D.

Tendência: A Crise Financeira Europeia

É impossível prever exatamente sobre o que uma questão tratará na prova da UFRGS. No entanto, pode-se perceber que a questão 25, tem tratado invariavelmente do mundo pós-Guerra Fria, com algum viés financeiro e apresentando algum dado interdisciplinar envolvendo Geografia. Com base nisso, segue um pequeno resumo, do que pode ser tratado na questão 25 da prova de 2013.

Motivos da crise:
- Endividamento público elevado, principalmente dos elos fracos da União Européia, países como a Grécia, Portugal, Espanha, Itália e Irlanda.
- Falta de coordenação política da União Europeia para resolver questões de endividamento público das nações do bloco e a descrepância entre as riquezas dos países membros e sua consequente influência política dentro da União Européia.
Consequências da crise:
- Falta de investimentos e dificuldades de adoção de linhas de crédito nos bancos das nações mais afetadas;
- Aumento vertiginoso do desemprego;
- Descontentamento popular com medidas de redução de gastos adotadas pelos países como forma de conter a crise;
- Queda ou desceleração de crescimento do PIB dos países da União Europeia em função do desaquecimento da econômica dos países do bloco (Alemanha é a grande exceção).
- Contaminação da crise para países, fora do bloco, que mantém relações comerciais com a União Europeia, inclusive o Brasil. A crise tem afetado o mercado econômico mundial.
Práticas da União Europeia frente a crise:
- Maior participação do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Central Europeu nas ações de enfrentamento da crise (as ações são coordenadas, principalmente, por França e Alemanha);
- Ajuda financeira, condicionada por acordos político-econômicos, aos países com mais dificuldades econômicas como, por exemplo, a Grécia.
- Definição de um Pacto Fiscal, ratificado em 2012, cujos objetivos são: garantir o equilíbrio das contas públicas das nações da União Europeia e criar sistemas de punição aos países que desrespeitarem o pacto.  

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Senhor das Armas - Parte 2

Charles Taylor, ditador da Libéria.
Prosseguindo a análise de "Senhor das Armas"...   
    Estima-se que mais de 300 mil crianças e jovens com menos de 18 anos lutem em conflitos armados pelo mundo. Os grupos armados da África e do mundo recrutam, cada vez mais cedo, crianças para se engajarem nos conflitos bélicos, e elas, desde cedo, perdem o acesso à educação, à saúde e à proteção social, ou seja, perdem o acesso ao direito básico para sua formação como seres humanos. Esses meninos armados, nascidos na guerra, são condenados a viverem carrascos e a morrerem jovens. Através de doutrinação intensiva (direcionada contra os inimigos a serem atingidos) aliada à dopagem, as crianças entram para o mundo adulto e tornam-se verdadeiros soldados. Assim, defendem suas armas e os ideais de seu grupo guerrilheiro, o qual, de maneira triste, podemos dizer que é sua única forma de família (uma forma deturpada e indigna). Quanto aos diamantes de conflito, a compra ilícita de armamento, na África em especial, é sustentada pela pilhagem dos recursos naturais desse continente, ou seja, os grupos guerrilheiros mantêm uma economia criminosa contrabandeando os espólios das jazidas de minérios de seus países e, até mesmo, de vizinhos. 
    Os “diamantes de sangue”, chamados assim por estarem “manchados” pelo sangue do povo africano, funcionam como moeda de troca. O caso é que a venda por meio do contrabando permite comprar, a preço baixo, pedras brutas que estão entre as mais perfeitas do mundo, e os operadores que têm acesso a essas pedras têm a chance de garantir margens enormes de lucros. Nesse sentido, formam-se verdadeiros exércitos particulares, os quais visam obter o controle das jazidas minerais. Essas jazidas, inclusive, também têm suas concessões e licenças de extração negociadas pelos governos instaurados, sobretudo, com países do Primeiro Mundo. Percebe-se, portanto, um conflito de interesses, que é demonstrado pelas crescentes intervenções da ONU, a qual não encontra solução diante dos milhões em dinheiro que a extração ilegal de minérios ainda gera, visto que se trata de um lucro real e volumoso — mais de um bilhão de dólares anuais de jóias vendidas nas joalherias. Um exemplo é Serra Leoa, país portador da segunda jazida de rutilo do mundo. Nesse país, a Frente Revolucionária Unida (RUF), verdadeira dona do território (controlando metade do país e sujeitando à insegurança a outra metade), consegue inviabilizar qualquer atividade mineradora pesada, como a que as pequenas companhias desejavam conduzir. Essa frente apoiava-se na zona de influência bélica e comercial de Charles Taylor, então presidente da Libéria.  Na capital Monrovia, eram negociadas, então, boa parte dos diamantes de contrabando originários de Serra Leoa, chegando a drenar cerca de 200 milhões de dólares por ano em conexão direta com mercados de armas, de drogas e de lavagem de dinheiro em toda a África e em outros países. O ditador liberiano agia como intermediário, fazendo com que, praticamente, toda a pedra preciosa vinda de Serra Leoa fosse tornada, automaticamente, “liberiana”. O dinheiro das pedras, portanto, compra as armas do tráfico e sustentam o estado de caos e beligerância no continente africano, onde o povo assiste e sofre com uma corrida armamentista local, tanto dos grupos guerrilheiros e dos exércitos particulares, quanto dos governos instaurados.
     Em resumo, o filme aborda a comercialização e o ingresso ilegal de armas para diferentes grupos das jovens nações que querem, muitas vezes, autonomia e independência dos blocos e/ou das potências mundiais. Esse complexo cenário, colocado principalmente para a África (mas também aos outros continentes periféricos), é fruto das décadas de ocupação de colônias européias e traz sinais evidentes de influência da 2ª Guerra Mundial e posterior Guerra Fria. Existem muitos Yuri’s atuando no mundo de hoje, ajudando a promover guerras civis ou, simplesmente, fornecendo a arma para um assalto na esquina de nossas casas. Dessa forma, devem ser buscadas soluções para reduzir o número de vítimas potenciais, coibindo o abastecimento das regiões de conflito e a proliferação da produção tanto legalizada, quanto ilegal de armas. No entanto, dentro da lógica capitalista, é difícil incentivar países, que lucram cifras enormes por ano, a investirem menos em poderio bélico/produção de armas, e mais em outros aspectos que sejam relacionados diretamente com o desenvolvimento do ser humano.
Andre Baptiste, o equivalente fictício de Charles Taylor, caracterizado no filme.

 

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Senhor das Armas - Parte 1

    Nicolas Cage, encarna um personagem que condensa histórias de diversos traficantes de armas reais.

    O filme “O Senhor das Armas” é narrado em off do início ao fim pelo personagem principal, Yuri Orlov, através de uma lógica imparcial de sua mentalidade, ou seja, ele não toma posições, nem tem grandes crises de consciência, apenas persegue constantemente o lucro desde o momento em que decide adentrar no mercado de venda de armas. A narração irônica começa com essas frases: “Existem mais de 550 milhões de armas de fogo em circulação no mundo. Isso significa uma arma para cada 12 pessoas. A única pergunta é: como armar as outras 11?”. Yuri, portanto, opera sob a lógica do lucro e não tem preocupações quanto aos males que seu comércio ilegal de armas acarreta, inclusive pelo fato de entender que o comércio legalizado leva às mesmas conseqüências. A história de “O Senhor das Armas” é baseada na vida de traficantes de armas, cuja especialização é o mercado da morte e exploração das riquezas dos países subdesenvolvidos, em especial a África, onde o processo de descolonização associado ao fomento de conflitos civis, por parte da indústria armamentista, tem levado diversas áreas do continente a uma condição de miséria e de subdesenvolvimento.
    O longa aborda temáticas do período de intensificação da corrida armamentista na Guerra Fria e do posterior colapso do regime comunista soviético. É apresentado, inclusive, como o armamento construído no período da Guerra Fria foi e tem sido utilizado em conflitos “quentes” nas regiões periféricas do mundo, contribuindo, então, para o subdesenvolvimento e constante violação dos direitos humanos nesses países. A corrida armamentista estabelecida entre EUA e URSS durante as décadas de 1970 e 1980 produzira um arsenal de combate “adormecido”. E, durante a Guerra Fria, a questão do desarmamento a nível mundial só foi tratada sob o enfoque das armas de destruição em massa e no sentido da contenção nuclear. O desenvolvimento da tecnologia nuclear era um dos principais objetivos na luta pela afirmação do poder entre as potências da Guerra Fria. Assim, o medo de uma hecatombe nuclear por parte da comunidade internacional resultou numa série de acordos para conter a proliferação desse tipo de armamento. No entanto, não havia acordos quanto às armas leves e de pequeno calibre (ALPC). De acordo com Kofi Annan, Secretário da ONU em 1999, “Armas leves e pequenas prejudicaram o desenvolvimento e impediram a segurança humana de todas as formas. Assim, talvez seja pouco provável que outra ferramenta de conflito seja tão espalhada, tão facilmente disponível e tão difícil de restringir que as armas pequenas”.Somente em 1995, uma resolução das Nações Unidas refere-se ao perigo desse tipo de armamento e seu impacto negativo sobre o desenvolvimento dos Estados e na afirmação da segurança internacional. A falta de um código de conduta internacional e a crescente abertura de fronteiras, característica do pós-Guerra Fria, facilitou a ação dos traficantes de armas (representados, no filme, por Yuri), os quais puderam, dessa maneira, fornecer meios para a dominação de Estados por ditadores, grupos terroristas, rebeldes ou guerrilheiros. O tráfico dessas armas fomentou e fomenta situações de guerra, assim como a violência urbana (a estimativa de mortes causadas pelas ALPC é de, aproximadamente, 500 mil ao ano, dos quais 300 mil ocorrem em conflitos armados). O controle do comércio legal de armas esbarra, muitas vezes, no interesse e no direito dos países à autodefesa. Forjar normas e regulamentações para a produção de armamento sempre foi um desafio para os órgãos internacionais, como a ONU (Organização das Nações Unidas), frente à lógica capitalista. Sendo assim, podemos constatar o fato de grande parte das armas utilizadas nos conflitos serem originalmente legais, legalmente adquiridas e, posteriormente, roubadas ou desviadas.
    Entende-se que a África sofre em demasia devido aos muitos conflitos que abriga, e vemos isso no filme pela narração de Yuri: “A África tornara-se o grande mercado dos anos 90: Onze grandes conflitos envolvendo 32 países em menos de uma década. O sonho de um contrabandista de armas.”. Os conflitos sustentados pela disseminação ilícita de armas, como os que ocorrem na África durante esse período e que estão presentes no filme, fazem desaparecer a fronteira entre conflitos armados e criminalidade. Assentam menos na procura de vantagens militares e políticas do que no colapso total dos Estados. Os grupos militares protagonistas voltam-se, portanto, mais ao controle dos recursos naturais e ao seu comércio ou ao controle do tráfico de entorpecentes, tornando a situação de conflito quase permanente, já não podendo mais ser considerada como uma breve interrupção no desenvolvimento dos países. São guerras de longa duração, onde países ditos “em situação de pós-conflito”recaem continuamente em violência social. Essas guerras assemelham-se às formas de “guerra total” e, muitas vezes, os objetivos pretendidos são de curto prazo e centrados no lucro. Os autoproclamados Exércitos de Libertação Nacional, os quais se proliferam no Terceiro Mundo, conduzem esses conflitos “permanentes” e, normalmente, tratam-se de facções armadas oportunistas, sem disciplina militar, sendo freqüentemente responsáveis por graves violações do direito humanitário e dos direitos humanos contra as populações civis, especialmente mulheres e crianças. No filme, Yuri fecha a maior parte dos seus negócios com Andre Baptiste, tendo sido esse personagem baseado no ditador liberiano Charles Taylor, um rebelde que participou do assassinato do ditador Samuel Doe no início dos anos 90 e que, alçado ao poder na Libéria, adotou as mesmas práticas sanguinárias de seu antecessor. Num próximo post, Senhor das Armas - Parte 2, continuará a análise do filme, centrada em dois assuntos que são introduzidos no filme pelo personagem inspirado em Taylor, os quais dizem respeito aos exércitos infantis e, posteriormente, aos chamados “diamantes de sangue”.



 

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Rambo - O pior pesadelo dos soviéticos

   O filme "Rambo 3" faz parte de uma série ou, devido ao sucesso obtido, podemos falar até de uma saga do personagem fictício, o norte-americano John Rambo. Nos dois primeiros filmes, além das muitas cenas de ação e munições desperdiçadas, é visível algum tipo de crítica intrínseca à condição dos EUA na Guerra do Vietnã. Em "Rambo 1", critica-se o tratamento dado aos veteranos do combate quando retornam para casa. Enquanto em "Rambo 2", apesar de toda a vilania ser colocada nos personagens soviéticos (que, de acordo com esse filme, estariam presentes fisicamente na Indochina), a critica coloca-se na posição dos EUA em relação aos seus soldados tornados prisioneiros no Vietnã, o que, na falta de uma melhor ação ou negociação do governo norte-americano, leva Rambo à resgatá-los. Feito o comentário sobre os filmes anteriores, podemos dizer que "Rambo 3" não traz crítica alguma aos EUA, tratando-se exatamente de uma peça de propaganda norte-americana e anti-soviética sobre a Guerra Fria. A partir da análise do contexto histórico, fica fácil de perceber isso, tendo sido o filme lançado em 1988; muito próximo, portanto, ao colapso do sistema socialista soviético. Na época, era interessante apresentar para o mundo a posição da URSS na guerra com o Afeganistão. Logo, que maneira melhor de expor isso do que colocando o personagem de Rambo como o vitorioso do conflito?!
   John Rambo, a arma de destruição em massa, ajudando os afegãos.
   Tomando o filme por verdade, entenderíamos que foi John Rambo, com seu poderio comparado ao de uma arma de destruição em massa, que levou a URSS ao colapso e não a concorrência com o capitalismo e os próprios erros da política soviética. Assim, é interessante falar de Rambo 3 como um apontamento ao equivalente soviético da Guerra do Vietnã, ou seja, a Guerra do Afeganistão (1979-1989), que foi vencida não apenas por um homem, mas sim pelos mujahideen[1] afegãos, os quais contaram com o apoio técnico-militar dos norte-americanos, que investiram cerca de 1 bilhão de dólares em armas financiando o conflito (investimento que foi equiparado pelos sauditas, parceiros dos norte-americanos, que também temiam uma vitória soviética na região). Foi com esse apoio financeiro que os afegãos conseguiram vencer os soviéticos e, dessa maneira, aplicar um duro golpe na estratégia soviética para a Guerra Fria. Não podemos deixar de falar que caberia muito bem no filme que um dos personagens da milícia afegã, que luta ao lado de Rambo, fosse chamado de Osama Bin Laden, um dos líderes militares que expulsou os soviéticos com a ajuda dos armamentos fornecidos pelos EUA e, posteriormente, voltou-se contra os próprios norte-americanos. Se em 1988 (ano de produção do filme) o indestrutível soldado do Tio Sam ia até o Afeganistão para salvar o sofrido povo daquele país da tirania dos sanguinários soviéticos, o mesmo Rambo, pós 11 de setembro, estaria lá jogando bombas e mísseis sobre aquelas pessoas, exatamente como faziam os vilões comunistas. Assim, sobrou para Bin Laden e os afegãos, defender-se utilizando o antigo material bélico dos EUA, nesse conflito, que se estende desde 2001 com a invasão dos norte-americanos ao outrora aliado Afeganistão.
[1] Guerreiros santos mulçumanos
 

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Che - O Ícone

   O primeiro filme de 2009 sobre Ernesto Guevara, intitulado “Che – O Argentino”, não consegue vencer uma tarefa impossível: chamar a atenção como um produto de Che. Lembremos que o filme não ganhou grande destaque nas mídias e também não agradou muito os críticos. Apesar da grande atuação de Benício Del Toro vivendo o personagem principal e da boa produção do diretor Steven Soderbergh, o máximo que podemos dizer do filme é que se trata de uma boa representação da figura de Che e da Revolução Cubana com claras preocupações históricas. A questão é que o tamanho do ícone que se transformou a figura de Che é muito maior do que qualquer filme poderia ser. A recorrência da imagem de Che de boina é tão grande que o próprio pôster do filme teve de buscar ser mais original para se distanciar do ícone (vide imagem). Estamos acostumados a ver aquele rosto de Che em camisetas, bandeiras, bottoms, tatuado no braço do Maradona e até estampado em um biquíni na bunda da Gisele Bündchen, e sabemos que aquela imagem é sinônimo de esperança e das melhores virtudes do homem latino-americano, ou seja, o ícone Che estrapola qualquer filme feito sobre ele. Mas agora, tratando do que o filme pode ser. Essa é a primeira parte de dois filmes onde a ênfase fica no papel de Che durante a luta guerrilheira na Revolução Cubana (onde vemos desde o Che disparando bazucas até lavando a louça), sendo aqui que reside a grande qualidade do filme, visto que é fácil falar de guerrilha e escrever sobre uma, mas apresentar a guerrilha cubana é outra coisa e o filme cumpre esse papel muito bem. Assim, entendemos como menos de cem guerrilheiros que adentram a região montanhosa de Cuba, a Sierra Maestra (1957), conseguem derrubar a ditadura de Fulgêncio Batista do poder em Havana. No papel de espectador, seguindo as funções de Che na guerrilha, percebemos como os camponeses cubanos super-explorados pelos latifundiários e constantemente assolados pelo exército de Batista simpatizam e aderem à luta armada imposta pela guerrilha. O confronto constante dos revolucionários através de ataques e saques às tropas de Batista foram importantes, mas tão mais foi a preocupação em treinar e educar a população que aderia à Revolução.
    O papel de Che nessa guerrilha é enorme, indo de médico, professor e doutrinador até guerrilheiro , além de aparecer constantemente sabendo acatar as ordens que lhe são passadas por seus companheiros (não aparecendo como um herói que faz tudo sozinho e tem todas as idéias para tornar a revolução vitoriosa). Mas e o Fidel, hein, não aparece? Sim, ele entra na maioria das vezes em cenas de acordos das direções que a guerrilha irá tomar e acaba aparecendo, muitas vezes, apenas como um político e um conselheiro de sábias palavras ao Che. Por isso, exatamente, que o título do filme não é Fidel, cumprindo, assim, seu papel de personagem coadjuvante. Então, voltando ao Che, é interessante salientar que, além da guerrilha, o filme é intercalado com cenas em preto e branco em que Che (já vitorioso na Revolução Cubana), está nos EUA para discursar no congresso das Nações Unidas. Os protestos feitos contra Che e sua presença em solo norte-americano servem para entendermos a importância da Revolução Cubana e até seus efeitos sobre a posição imperialista do governo norte-americano. Após a vitória de Che e seus companheiros em 1959, a Revolução Cubana tornou-se um fantasma para os EUA, e assim os norte-americanos passaram a intervir diretamente na América Latina apoiando ditaduras militares e orquestrando golpes de Estado. Além disso, na Ásia, tentaram (sem êxito) subjugar a população do Vietnã. E é exatamente pela figura de Che representar a resistência a esse imperialismo ianque vigente, sobretudo na Guerra Fria, que aquela imagem tornou-se ícone da bravura e luta. Luta essa que aparece no filme, mas que não vai além como o ícone de Che faz...

terça-feira, 6 de novembro de 2012

A piada que ganhou a 2ª Guerra

   O grupo de comédia britânico Monty Python, fez muito sucesso, sobretudo, nos anos 70 e 80. Esses comediantes ficaram notórios, por seu senso de sarcasmo e tom jocoso, com que tratavam assuntos delicados do cotidiano dos ingleses e do mundo. Posso afirmar, que  não foi diferente, tratando-se de 2ª Guerra Mundial. Assim para desopilar um pouco, após o cansativo ENEM, e preparando para reta final do vestibular da UFRGS, recomendo que sigam o seguinte link para o youtube com o quadro - A Piada Mais Engraçada do Mundo: http://www.youtube.com/watch?v=AZgQinsClLQ
 
Vale lembrar que o grupo conquistou notoriedade mundial através dos filmes: "Em Busca do Cálice Sagrado" (1975), "A Vida de Brian" (1979), "O Sentido da Vida" (1983), entre outros, além de frequentes participações de seus membros nas mais diversas produções hollywoodianas.